quarta-feira, 6 de maio de 2009

RESENHA DO LIVRO DE DÉCIO PIGNATARI

Acaba de ser publicado o livro "Bili com limão verde na mão", de Décio Pignatari, pela Cosac & Naify . Fui convidado pela editora a escrever a resenha do livro. Aqui está ela... Boa leitura e não deixem de ler este livro belíssimo e levíssimo!

http://www.cosacnaify.com.br/noticias/bili_marcelobueno.asp


A EXPERIÊNCIA DE CONHECER BILI
Por Marcelo Cunha Bueno*

Como “damos a conhecer alguém”?
Dar a conhecer é se entregar um pouco ao outro. Dar a conhecer significa abrir-se às surpresas do outro. Um outro composto de falas, pensamentos, intensidades, emoções. Um outro que deixa de ser outro para passar a ser, também, um pouquinho de nós. Dei a conhecer Bili. Um alguém composto de atmosferas de pensamentos, de costuras de olhares, daquilo que se vê, que se sente e que se vive.
Dar a conhecer também tem relação com dar a ler. Dar a ler, assim como dar a conhecer, também é entregar-se ao outro, desta vez, com letras, palavras e palavrotas (palavras que dão cambalhotas). Bili se deu a ler para nós... por palavrotas. Bili se deu a conhecer para nós... por pensamentos.
Como uma brincadeira de memória, daquelas que nós, os adultos, cantávamos naquele tempo da des-palavra, a infância, Bili costura suas vivências em situações-palavras.
Essa história, esse pedaço de vida, entre nós (Bili e leitores), é repleta de imagens. Um limão-crescimento... uma avalanche de personagens-cores... de misturas-tudo-nada.
De pé em pé, de cor em cor, de som em som, de bicho em bicho, todos falam.Um livro-falante!
Um livro-falante que pode ser contado ou cantado. Suas falas-escritas são como cirandas. Assim, o livro-falante se torna o livro-dançante. E nos convida a bailar cada vez que o limão teima em se atirar das mãos de Bili.
Um livro que dança a música de uma história. Uma música que se escuta com as imagens que criamos quando nos imaginamos crianças nele.
Uma leitura que nos convida a dançar. Pensamentos, olhos e mãos percorrendo a geografia desse livro, inspirados pelas melodias das palavras e pelas imagens-imaginação e imagens-composições. A cada página, uma surpresa. Um acontecimento que afirma a coexistência de todos os personagens-cores que convivem nas palavras (que escrevem as diversas poesias deste livro). Tudo é possível se juntar se o limão de Bili chamar!
O livro é uma experiência, uma brincadeira. Para crescidos e espichados que queiram passear pelas sensações de infâncias que nos compõem. Para aqueles que contam histórias acordados e, quando dormedecompridonagrama, encantam histórias. Para as inspiradoras das histórias “para e da” infância, as crianças, que se encontram em cada aventura de Bili. Aventura esta que está no viver os momentos... um de cada vez, mas um em toda vez.
Escrever sobre um livro é a possibilidade de se dar a conhecer e de se dar a ler ao mesmo tempo, mediados pelos encantos da escrita e da generosidade de um autor, que escreve sem saber para quem. E, quando essas duas coisas acontecem, qualquer escrita é um convite... para rememorarmos e vivermos infâncias!

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